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Tears in heaven - (Clapton canta a perda do filho)
M - O Vampiro de Dusseldorf (Fritz Lang)
"Vômito Desnecessário" - Um Curta Metragem
Tempos Modernos, de Charles Chaplin (1936) “Não sois máquina, homem é que sois” (C.Chaplin) "A idéia deste breve comentário é apontar alguns aspectos do filme de Chaplin. Obviamente, não se estará com a pretensão de uma abordagem exaustiva de um filme tão denso, que se abre a infindáveis análises, dos mais variados pontos de vista. Embora tomado como mais um filme com a marca da comicidade de Chaplin, o que ele, em seu formato e roupagem, é, gostaríamos de tomar, entre as muitas existentes, outras dimensões de conteúdo trazidas pela película. Passemos a elas. A “vitória” de “Luzes da cidade”, garantiu um bom espaço de ação à Chaplin no “Tempos modernos”. Se ele representava a luta de seu autor, na vida real, contra as imposições acríticas e ufanistas do tecnicismo, o que se representa no filme esta no mesmo universo de sentido. Isso será verbalizado no futuro no filme “O grande ditador” quando ele profere a máxima, que nos serve de epígrafe, contra o processo de maquinização do homem que o levava à insensibilidade na realização de seu ser humano. Uma das indicações de possibilidades de questionamento apresentada por Chaplin, reside na união e no protesto dos trabalhadores. Isso lhe valeu, inclusive, a pecha de bolchevista nos Estados Unidos. Porém, há uma “deixa”crítica de Chaplin que não pode deixar de ser apontada. O protesto acaba sendo feito de forma mecânica, pelos operários-máquina, seguindo cegamente quem lhes levante a bandeira. Ele parece apontar que romper com aquele sistema era romper também com formas que, ainda que de reação a ele, haviam sido geradas em seu interior, trazendo sua estampa. Elas, então, deveriam enfrentar os limites por ele impostos, não ser apenas sua contra-face, mas ser-lhe o outro, para, aí sim, transcendê-lo.
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Tempos Modernos -Chaplin
Metropolis de Fritz Lang
O Gabinete do Dr. Caligari
Salvador Dali - é, sem dúvida, o mais conhecido dos artistas surrealistas. Estudou em Barcelona e depoisem Madri, na Academia de San Fernando. Nessa época teve oportunidade de conhecer Lorca e Buñuel. Suas primeiras obras são influenciadas pelo cubismo de Gris e pela pintura metafísica de Giorgio De Chirico. Finalmente aderiu ao surrealismo, junto com seu amigo Luis Buñuel, cineasta. Em 1924 o pintor foi expulso da Academia e começou a se interessar pela psicanálise de Freud, de grande importância ao longo de toda a sua obra. Sua primeira viagem a Paris em 1927 foi fundamental para sua carreira. Fez amizade com Picasso e Breton e se entusiasmou com a obra de Tanguy e o maneirista Arcimboldo. O filme O Cão Andaluz, que fez com Buñuel, data de 1929. Ele criou o conceito de “paranóia critica“ para referir-se à atitude de quem recusa a lógica que rege a vida comum das pessoas .Segundo ele, é preciso “contribuir para o total descrédito da realidade”. No final dos anos 30 foi várias vezes para a Itália a fim de estudar os grandes mestres. Instalou seu ateliê em Roma, embora continuasse viajando. Depois de conhecer em Londres Sigmund Freud, fez uma viagem para a América, onde publicou sua biografia A Vida Secreta de Salvador Dali (1942). Ao voltar, se estabeleceu definitivamente em Port Lligat com Gala, sua mulher, ex-mulher do poeta e amigo Paul Éluard. Desde 1970 até sua morte dedicou-se ao desenho e à construção de seu museu. Além da pintura ele desenvolveu esculturas e desenho de jóias e móveis.
Joan Miró - iniciou sua formação como pintor na escola de La Lonja, em Barcelona. Em 1912 entrou para a escola de arte de Francisco Gali, onde conheceu a obra dos impressionistas e fauvistas franceses. Nessa época, fez amizade com Picabia e pouco depois com Picasso e seus amigos cubistas, em cujo grupo militou durante algum tempo. Em 1920 Miró instalou-se em Paris (embora no verão voltasse para Montroig), onde se formara um grupo de amigos pintores, entre os quais estavam Masson, Leiris, Artaud e Lial. Dois anos depois adquiriu forma La masía, obra fundamental em seu desenvolvimento estilístico posterior e na qual Miró demonstrou uma grande precisão gráfica. A partir daí sua pintura mudou radicalmente. Breton falava dela como o máximo do surrealismo e se permitiu destacar o artista como um dos grandes gênios solitários do século XX e da história da arte. A famosa magia de Miró se manifesta nessas telas de traços nítidos e formas sinceras na aparência, mas difíceis de serem elucidadas, embora se apresentem de forma amistosa ao observador. Miró também se dedicou à cerâmica e à escultura, nas quais extravasou suas inquietações pictóricas.Uma das muitas provas de que as influências do Surrealismo extrapolaram as fronteiras de um movimento (além da inspiração que forneceu a vários artistas e gerações) pode ser exemplificada por obras de Picasso, como Guernica, bastante próximas das premissas artísticas propostas pelos surrealistas, apesar de ele mesmo nunca ter pertencido ao grupo.
Marcel Duchamp ficou famoso pelo urinol enviado a um salão do qual ele mesmo participava da organização; batizado de "A Fonte" e enviado sob pseudônimo, o urinol foi rejeitado. Nem os colegas de Duchamp estavam preparados para tanta contestação e iconoclastia. A Fonte de Duchamp demoliu terminantemente qualquer posterior tentativa de definição da arte: "será arte o que eu disser que é".
Fonte Romana
Borghese
Duas velhas bacias sobrepondo
suas bordas de mármore redondo.
Do alto a água fluindo, devagar,
sobre a água, mais em baixo, a esperar,
muda, ao murmúrio, em diálogo secreto,
como que só no côncavo da mão,
entremostrando um singular objeto:
o céu, atrás da verde escuridão;
ela mesma a escorrer na bela pia,
em círculos e círculos, constante-
mente, impassível e sem nostalgia,
descendo pelo musgo circundante
ao espelho da última bacia
que faz sorrir, fechando a travessia.
O Cego
Ele caminha e interrompe a cidade,
que não existe em sua cela escura,
como uma escura rachadura
numa taça atravessa a claridade.
Sombras das coisas, como numa folha,
nele se riscam sem que ele as acolha:
só sensações de tato, como sondas,
captam o mundo em diminutas ondas:
serenidade; resistência -
como se à espera de escolher alguém, atento,
ele soergue, quase em reverência,
a mão, como num casamento.
O fruto
Subia, algo subia, ali, do chão,
quieto, no caule calmo, algo subia,
até que se fez flama em floração
clara e calou sua harmonia.
Floresceu, sem cessar, todo um verão
na árvore obstinada, noite e dia,
e se soube futura doação
diante do espaço que o acolhia.
E quando, enfim, se arredondou, oval,
na plenitude de sua alegria,
dentro da mesma casca que o encobria
volveu ao centro original.