quinta-feira, 17 de dezembro de 2009

Síndrome

Imagem: Leonid Afremov



Eu tenho dois filhos.
Eu sinto tanta saudade dos meus filhos.
Sempre senti saudade deles. Desde que nasceram.
Senti saudade quando eram pequeninos e os deixei para trabalhar.
Senti saudade quando eles passavam mais tempo na escola do que em casa.
Quando eles deixaram de ser filhos para se tornar adolescentes que não querem ter mãe, eu tive uma imensa saudade deles.
Quando eles voltaram a ser filhos senti ainda mais saudade. Tornam-se tão independentes e distantes.
Eu tenho dois filhos. E uma saudade muito grande.
Sinto enorme saudade de minha filha. Ela está perto demais. A proximidade impede de nos enxergarmos.
E sinto muita saudade do meu filho. Está tão longe que também não posso vê-lo.
Eu sempre vou sentir saudades dos meus filhos.
Eu tenho dois filhos.
E um ninho meio vazio.




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7 comentários:

Dilberto L. Rosa disse...

Tal como um dos filhos, de forma menina, menina, recitaste verso a verso, como que embalando cada cria em suas palavras e sonhos de saudades... Belíssimo, cada dia mais! Abração! E volte a aparecer, viu?

Ines Mota disse...

Dilberto, menino, não me lembro de descrição tão perfeita do que senti quando aqui escrevi essas palavras que sairam de fato como uma canção de ninar ao berço vazio. Nem Hesse, nem kafka o fariam tão bem. Dilberto, você é um mago?

Jens disse...

Oi Inês.
Não posso avaliar a saudade e o sentimento de perda que sentes em relação aos teus rebentos. É uma emoção mais comum às mulheres e não apenas por uma ligação biológica. Para minha mãe, por exemplo, foi traumático o meu afastamento, mesmo eu sendo filho adotivo. Sei que o pai também sentiu, mas mãe sentiu mais - a relação afetiva entre mãe e filho (principalmente) é e sempre será diferente, especial, mágica, misteriosa...
Nesta seara não me atrevo a palpitar. Apenas respeito, admiro e louvo:
mãe é mãe. Um viva para todas elas.
Um viva para você.

Beijo.

Roque Soto disse...

Paso pola súa bitácora e desexo que disfrute destas festas en compañía do seus seres máis queridos.

Unha aperta

Alcides Sodré disse...

Maravilha esse texto. Retrato da alma.

Lou Vilela disse...

Que bela descrição! Um encanto de texto!

Abraços,
Lou Vilela

motacosta disse...

Mãeeeee! Agora que achei isso. Eu sou mesmo um babaca, não acompanho seu blog diariamente. Mas sempre que venho aqui, tenho uma agradável surpresa. Essa é minha mãe: linda e minha!
Morro de saudades também. Eternamente seu.
Gabriel.