Imagem: desconheço autoria
Meu nome é Oscar. Eu sempre fui um gato arredio e irreverente. Não capitulo ante as necessidades doentias do amor.
Quando Dona Nonó chega ao galpão abandonado com a comida e a água todos correm até ela fazendo festa em alvoroço. Eu permaneço deitado e só saio para comer e beber quando os companheiros saciados se retiram.
Foi assim durante 27 anos de minha vida.
Certa manhã Dona Nonó não apareceu. Os outros gatos sairam para caçar ratos. Eu não gosto de caçar.
Por fim, Seu Jaime, o viúvo, apareceu para continuar o trabalho de Dona Nonó.
Nesse dia, ele me chamou de homem. Desde então eu parei de miar e não preciso mais comer ração. Tampouco rato. Também não sou mais alvo de censura por meu retraimento.
Ainda sou Oscar. Agora, um bicho submisso, obediente, reverente cheio de amor e medo.
Ajudo o Seu Jaime na tarefa de alimentar os gatos e descobrir homens em meio a bichos abandonados.
Inês Mota
6 comentários:
Da literatura fantástica, surpreendente, ao bom texto.
Um beijo.
Oi Inês.
Assino embaixo do que o Moacy escreveu: surpreendente e muito bom. Você demora a postar, mas vale a pena esperar por textos assim de alta qualidade.
Um beijo.
Obrigada meus queridos. E perdoem-me os erros de digitação que às vezes só vejo horas depois.
Bjos!
Muito bom.
Repetir o que o Moacy e o Jens já disseram vale? Se não, deu um calafrio ler a reviravolta de Terror do final... Lembrei-me de antigos contos fantásticos lidos na adolescência, como os da Cripta, acrescidos da inteligência de um Poe! Grande abraço e surpreenda-nos sempre!
Simplesmente lindo.
Composição sensorial como há muito não via.
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