sábado, 20 de outubro de 2007


ADOLESCENTE
(Maiakóviski)

 
A juventude de mil ocupações. 
Estudamos gramática até ficar zonzos. 
A mim 
me expulsaram do quinto ano 
e fui entupir os cárceres de Moscou. 
Em nosso pequeno mundo caseiro 
brotam pelos divãs 
poetas de melenas fartas. 
Que esperar desses líricos bichanos? 
Eu, no entanto, 
aprendi a amar no cárcere. 
Que vale comparado com isto 
a tristeza dos bosques de Boulogne? 
Que valem comparados com isto 
suspirosante a paisagem do mar? 
Eu, pois, 
me enamorei da janelinha da cela 103 
da "oficina de pompas fúnebres". 
Há gente que vê o sol todos os dias 
e se enche de presunção. 
"Não valem muito esses raiozinhos" 
dizem. 
Eu, então, 
por um raiozinho de sol amarelo 
dançando em minha parede 
teria dado todo um mundo 

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