Foto: Inês Mota
O caleidoscópio de rochas vivas generosamente acolhia-me e, ainda assim, o meu mundo era sombrio e tenebroso.
Eu sentia tanto medo. E o medo retraía-me ao posto de atalaia que me garantia relativa segurança em meio aos ferozes habitantes.
Para não me afogar, vencia a fadiga e protelava o sono, dia e noite. Noite e dia, empenhada em enxugar o mar d' água em torno de mim.
Oh, Sísifo! Como eu sabia dos seus desenganos.
Um dia, o misericordioso Merlin Azul segredou-me que esse mundo se chamava mar.
Segredou-me que meu nome é peixe.
Ciente da minha nova condição, descartei panos, dores e o escuro do mundo abissal.
Inês Mota
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