domingo, 30 de setembro de 2007

Suicídio
A vida amou a morte
mais do que havia
para morrer.

Apaguei os pensamentos
na espuma da pele.

Abandonar o paraíso,
a única forma
de não esquecê-lo.
(Fabrício Carpinejar)


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O tambor
"(Blechtrommel, Die, 1979)
» Direção: Volker Schlöndorff
» Roteiro: Jean-Claude Carrière, Günter Grass, Volker Schlöndorff, Franz Seitz
» Gênero: Drama
» Origem: Alemanha Ocidental/França/Iugoslávia/Polônia
» Duração: 142 minutos
» Tipo: Longa
» Sinopse: Oskar Matzerath nasceu em Dantzig (Polônia) em 1924. Era um bebê particularmente vivo, com um espírito extraordinariamente alerta. Já desde a vida intra-uterina tinha uma visão particular do mundo, de seus pais... Aos três anos, ganhou de presente seu primeiro tambor vermelho e branco, ao qual se mantém fiel para o resto de sua vida. No entanto, nessa idade, à partir do seu imaginário e do que vê do mundo dos adultos e de uma Alemanha que massacra os judeus, divide os poloneses, dos fracassos da guerra e de outras situações do mundo adulto, paralelamente e por princípio, ele decide e se recusa terminantemente a crescer... Filme vencedor da Palma de Ouro no Festival de Cannes." Belo filme que revi ontem. Há aproximadamente 15 anos ele me impressionou pela primeira vez...



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Affonso Romano de Sant'Anna

O Duplo

Debaixo de minha mesa
tem sempre um cão faminto
-que me alimenta a tristeza.
Debaixo de minha cama
tem sempre um fantasma vivo
-que perturba quem me ama.

Debaixo de minha pele
alguém me olha esquisito
-pensando que eu sou ele.

Debaixo de minha escrita
há sangue em lugar de tinta
-e alguém calado que grita.

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Affonso Romano de Sant'Anna


Assombros
Às vezes, pequenos grandes terremotos
ocorrem do lado esquerdo do meu peito.
Fora, não se dão conta os desatentos.

Entre a aorta e a omoplata rolam
alquebrados sentimentos.

Entre as vértebras e as costelas
há vários esmagamentos.

Os mais íntimos
já me viram remexendo escombros.
Em mim há algo imóvel e soterrado
em permanente assombro.


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quarta-feira, 26 de setembro de 2007


A Idéia - Augusto dos Anjos

De onde ela vem?! De que matéria bruta
Vem essa luz que sobre as nebulosas
Cai de incógnitas criptas misteriosas
Como as estalactites duma gruta?

Vem da psicogenética e alta luta
Do feixe de moléculas nervosas,
Que, em desintegrações maravilhosas,
Delibera, e depois, quer e executa!

Vem do encéfalo absconso que a constringe,
Chega em seguida às cordas da laringe,
Tísica, tênue, mínima, raquítica...

Quebra a força centrípeta que a amarra,
Mas, de repente, e quase morta, esbarra
No molambo da língua paralítica!



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Quem quer que sejas tu, que neste abrigo
Vieste em hora mansa hoje parar,
Feliz! Vens encontrar aqui contigo
Os tesouros que andaste a procurar.

Vens encontrar, sob o silêncio amigo,
A paz do ouvido e a glória do olhar.
E até, quem sabe? Aquele beijo antigo
Que há muito tempo não sabias dar.

Vens encontrar, ( é tarde? Não importa),
Um bem que passou à tua porta.
Um grande amor, nem tu soubeste a quem.

E vens, (tanta riqueza em toda a parte),
Vens a ti mesmo, atónito, encontrar-te.
És um poeta, e nunca o viste bem.....
Soneto de Nunes Claro publicado no livro " Na Cinza das Horas".
O Dr. Nunes Claro foi um médico insigne e um poeta português conceituado.
Colaborou activamente nas revistas " D. Quixote" " Nova" e perenceu ao grupo boémio "Clária", na época um cenáculo de irreverência política e intelectual.
Nasceu em 1879 e faleceu em Sintra em 1948.

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terça-feira, 25 de setembro de 2007

Que belo ocaso em Brasília!!

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segunda-feira, 24 de setembro de 2007


A dança da psiquê
Augusto dos Anjos

A dança dos encéfalos acesos
Começa. A carne é fogo. A alma arde. A espaços
As cabeças, as mãos, os pés e os braços
Tombara, cedendo à ação de ignotos pesos!

É então que a vaga dos instintos presos
— Mãe de esterilidades e cansaços —
Atira os pensamentos mais devassos
Contra os ossos cranianos indefesos.

Subitamente a cerebral coréa
Pára. O cosmos sintético da Idéa
Surge. Emoções extraordinárias sinto...

Arranco do meu crânio as nebulosas.
E acho um feixe de forças prodigiosas
Sustentando dois monstros: a alma e o instinto!



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domingo, 23 de setembro de 2007






"Hello darkness my old friend
I've come to talk with you again,
Because a vision softly creeping
Left its seeds while I was sleeping,
And a vision that was plantede in my brian
Still remains
Within the sound of silence"
(...).

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Fernando Pessoa
De quem é o olhar
De quem é o olhar
Que espreita por meus olhos ?
Quando penso que vejo,
Quem continua vendo
Enquanto estou pensando ?
Por que caminhos seguem,
Não os meus tristes passos,
Mas a realidade
De eu ter passos comigo ?

Às vezes, na penumbra
Do meu quarto, quando eu
Por mim próprio mesmo
Em alma mal existo,

Toma um outro sentido
Em mim o Universo -
É uma nódoa esbatida
De eu ser consciente sobre
Minha idéia das coisas.

Se acenderem as velas
E não houver apenas
A vaga luz de fora -
Não sei que candeeiro
Aceso onde na rua -
Terei foscos desejos
De nunca haver mais nada
No Universo e na Vida
De que o obscuro momento
Que é minha vida agora!

Um momento afluente
Dum rio sempre a ir
Esquecer-se de ser,
Espaço misterioso
Entre espaços desertos
Cujo sentido é nulo
E sem ser nada a nada.
E assim a hora passa
Metafisicamente.


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Essa é das antigas: "Et si tu n'existais pas"....lará...lará.lará. lará...



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Para que sejamos necessários

Transfere de ti para mim
Essa dor de cabeça, esse desejo, essa vidência.
Que careça em ti o meu excesso
Que me falte o que tu tens de sobra.
Que em mim perdure o que te morre cedo
E que te permaneça o que tenho perdido.
Que cresça, se desenvolva em teus sentidos
Que em mim desapareça.
Dá-me o que de possuir tu não te importas
E eu multiplico o que te falta e em mim existe.
Para que nosso encaixe forme uma unidade.
Indivisível.
- Que não se possa subtrair uma metade.
(Bruna Lombardi)

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terça-feira, 18 de setembro de 2007

Fidel: Cuba é uma Democracia... Depois da revolução a liberdade é o maior patrimônio da Ilha...
Lula: É... Mas mudando de Assunto, meu caro Fidel...juro que não pleiteio o "n° 3.."


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quinta-feira, 13 de setembro de 2007

Não acredito

"Não acredito", "não acredito!!"
São estas as palavras que meu netinho de 2 anos usa para exprimir a "mais profunda perplexidade" diante de situações que não consegue entender.
Foi tudo o que consegui verbalizar ontem depois que soube do resultado da votação que envergonhou a nação. Embora já ciente de que o voto em surdina beneficiaria o Renan, ainda tive um lampejo de esperança. Mas foi decidido. Decidido por um voto. (O próprio Renan, o réu, votou. Imagine qual foi seu voto...) Decisão que fere de morte os princípios da Democracia. Que desmoraliza o País, que perpetua a delinquência, que atesta ao Senado Federal (leia-se Congresso Nacional) a perda da noção de caráter e honestidade.
Fiquei triste. Mais triste ainda por saber, que igualmente na surdina, mais alguma coreografia da famigerada dança da impunidade foi ensaiada ontem por Renan e seus comparsas.
Não acredito! Não acredito!
Mas fica estabelecido: Bancaremos por mais tempo o caviarzinho básico e o Grand Old Parr do Renan, dentre outras cositas mas.
E agora, Senadores, atendam ao Excelentíssimo Senhor Presidente da República que conclama Vossas Excelências, a voltar ao trabalho e aprovar "projetos importantes" para o povo, como a Prorrogação do CPMF
Não acredito!



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