Comia bananas como um símio esfomeado.
Começava fazendo cinturas na fruta com mordidinhas de baixo pra cima e de cima para baixo.
Depois, fazia pequenas pausas e fitava-me franzindo o cenho e mostrando os dentes amarelos e carcomidos.
Enquanto roía a casca, soltava sons guturais como estertores de um moribundo.
Não satisfeito, sorria como se zombasse da minha extrema capacidade de tolerância.
Que ser humano pode suportar tamanho despautério?
O trabalho, confesso, foi cansativo porque a penca era muito grande. Porém, foram as últimas bananas da terra que ele saboreou.
Inês Mota
Inês Mota
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