quarta-feira, 7 de novembro de 2007

Mercadorias do Império: A História que seu professor não contou (parte 1)
(Por Henrique Luna - "O Cão sem plumas")

Eu não sei se você sabe, mas lá pelos idos do século XVI, tempo das grandes navegações a moda era não tomar banho. É, tô te dizendo... o negócio era deixar o cecê e outras cositas mas rolar. E não era só "moda" nas naus lusitanas não heim, o costume corria em terra firme por toda Europa. Como dizem os franceses é bonsoir. Suaram mesmo foram os Braganças, mas nesse caso não foi nada bom suar, suaram frio com a obstinação de Napoleão Bonaparte e marcaram carreira pra cá, ora pois, para esta terra de Vera Cruz. Nossos patrícios implantaram o costume de não se banhar aqui na terrinha, e até os índios, coitados, que se banhavam várias vezes por dia, passam a ter medo d'água. Não leia isso no almoço [rsss]. O Império brasileiro é um chiqueiro 'do tamanho de um bonde'. Os hábitos de higiene no Rio de Janeiro são extremamente precários! E a cidade, meu amigo, é uma fedentina só. Naquela época as pessoas eram acostumadas a fazer suas necessidades num balde que depois era esvaziado nas ruas. Era só chegar na janela e atirar a mercadoria.
Sabem quem vem passando na rua? É D. Manoel de Portugal da Silva Mascarenhas, o marquês do Lavradio. Esse cidadão não era pouca m*, era uma fossa cheia. Trata-se tão somente do vice-rei, representante de Sua Majestade em terras brazucas. É a maior autoridade do pedaço! D. Manoel é um senhor assim todo engomadinho, nos trinques, metido a galã... Botaram o apelido nele de Gravata. É justamente quando o marquês faz meneios graciosos cumprimentando uma dama debruçada na sacada, que o morador do lado oposto resolve despejar o balde. Vai tudo em cima de D. Manoel. O vice-rei xinga, cospe marimbondos, cobras, lagartos e caveiras, esculhamba com essa gente descuidada e corre para o palácio baixar um decreto. A partir de então, todo cidadão que arremessar "águas servidas" pela janela, deve antes gritar: "Água vai!". (continua...)


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