quarta-feira, 26 de setembro de 2007



Quem quer que sejas tu, que neste abrigo
Vieste em hora mansa hoje parar,
Feliz! Vens encontrar aqui contigo
Os tesouros que andaste a procurar.

Vens encontrar, sob o silêncio amigo,
A paz do ouvido e a glória do olhar.
E até, quem sabe? Aquele beijo antigo
Que há muito tempo não sabias dar.

Vens encontrar, ( é tarde? Não importa),
Um bem que passou à tua porta.
Um grande amor, nem tu soubeste a quem.

E vens, (tanta riqueza em toda a parte),
Vens a ti mesmo, atónito, encontrar-te.
És um poeta, e nunca o viste bem.....
Soneto de Nunes Claro publicado no livro " Na Cinza das Horas".
O Dr. Nunes Claro foi um médico insigne e um poeta português conceituado.
Colaborou activamente nas revistas " D. Quixote" " Nova" e perenceu ao grupo boémio "Clária", na época um cenáculo de irreverência política e intelectual.
Nasceu em 1879 e faleceu em Sintra em 1948.

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