Imagem: Internet
Na manhã de domingo, sob o ar impregnado de um odor enjoativo, despertou com o sol batendo no rosto e com o mugido melancólico dos bois. Sentia-se abatida e movimentava-se com dificuldade já que o corpo todo lhe doía.
Na noite anterior havia feito uma breve visita ao amigo Antônio na fazenda vizinha. Conversaram na varanda enquanto tomavam vinho e regressara a casa por volta da meia noite.
Agora, tudo que precisava era sair o mais rápido possível da atmosfera modorrenta do curral e apagar quaisquer vestígios do recorrente pesadelo.
Entrou em casa e subiu até o quarto. Como de costume, tomou um banho demorado, colocou as lentes de contato verdes para encobrir o residual vermelho na cor dos olhos, cortou a enorme garra - desta vez no dedo indicador direito -, aplicou cicratizante nos arranhões, depilou um tufo de longos pelos ásperos que se destacava no ombro esquerdo e desceu até o canil. Recolheu o corpo destroçado do seu cão labrador e o enterrou no jardim. Limpou as marcas de sangue do chão e em seguida, ligou insistentemente para o amigo Antônio a fim de confirmar o passeio de barco. Compreendeu então que ele não poderia atender.
E tudo se consumava mais uma vez.
E tudo se consumava mais uma vez.